O novo líder precisa se olhar no “espelho”. Cabe ao RH estimular esse processo de mudanças dentro da organização, pois o grande desafio é se conhecer, aceitar suas forças e franquezas.
Nos últimos meses, a mudança no perfil dos líderes em decorrência da pandemia tem sido um tema recorrente em diversas matérias veiculadas pela imprensa, especialmente nas publicações de negócios. Características como a proximidade dos gestores com suas equipes (mesmo que de forma virtual), a interação mais humana a partir do uso da empatia para criar ambientes de segurança psicológica, a e liderança com compaixão – que entende e sente a dor do outro, com coerência, flexibilidade, resiliência e transparência – são algumas das diversas características agora consideradas primordiais para a gestão de equipe.
Segundo Ram Charan, um dos maiores especialistas em liderança do mundo, o líder do século XXI necessita buscar grandes ideias e tentar aprender a todo o tempo. Para ele, a curiosidade é uma característica nata dessas pessoas. Elas têm capacidade de entender as ansiedades das suas equipes de uma forma mais genuína e natural, buscando sempre promover a evolução dos ambientes onde estão inseridos, compreendendo com clareza as prioridades e sabendo administrar seu tempo para atendê-las.
Nesse mundo que muda a todo o instante, ele reforça que para os líderes terem uma execução eficaz, é necessário saber antecipar as mudanças, conhecer sua empresa e setores onde atuam, além das pessoas que integram seus times e saber motivá-las. É importante reforçar que as pessoas são únicas e precisamos atuar de forma diferente com cada uma, definindo prioridades que estejam alinhadas com a necessidade do negócio e cultivar hábitos profissionais saudáveis.
Nesse novo mundo, os líderes realmente cuidam dos seus talentos por meio da dedicação de tempo para conhecer e desenvolver pessoas, reconhecendo o trabalho, oferecendo feedback constante, e não delegando para outras pessoas esse papel.
Fica claro que – sim! – o papel do líder tem que mudar. Porém, antes de tudo, ele precisa buscar o autoconhecimento e os profissionais de RH tem papel chave para ajudar nesse processo. A área de recursos humanos tem como tarefa ser um facilitador dessas mudanças internas. O autoconhecimento é a base de todo o processo de desenvolvimento de uma competência e, naturalmente, da geração de um novo comportamento nas organizações.
De forma geral, para termos bons líderes, que querem crescer e se desenvolver, é necessário um desejo individual. Apesar de vivermos um período pandêmico e sem precedentes, não há momento mais adequado para se autoconhecer do que o atual!
Importante reforçar aqui o grande desafio que é o autoconhecimento. Uma vez fiz uma pesquisa no Linkedin com 125 pessoas, sendo 83% deles líderes. Perguntei como eles avaliavam os líderes ao seu redor e como eles se auto avaliaram: 81% se consideravam bons líderes e apenas 24% consideravam os líderes ao seu redor bons. Ou seja, existe uma grande diferença entre o que eu entendo sobre mim, minha identidade, e como eu me demonstro para os outros, minha imagem.
Resumidamente, nós precisamos nos conhecer e “nos olharmos no espelho” antes de tudo. Espero que esse momento ajude as pessoas a interagirem umas com as outras de uma forma diferente. O que você é como ser humano é o que vai estimular a forma que você vai se relacionar com o outro. Aceitar suas forças e fraquezas, as quais todos temos, é o que vai ajudar você a criar um melhore ambiente de trabalho. Dessa forma, você entenderá quem você é para entender quem o outro é, e assim ter uma melhor relação com a sociedade e com suas equipes
Acredito muito também que ao mostrar quem você é e as suas vulnerabilidades, fica mais fácil para as pessoas entenderem que o líder não está em um pedestal, e assim construir, naturalmente, uma conexão diferente com as equipes.
Fonte: Melhor Gestão de Pessoas, por Salim Khouriem