Com uma crise que não estava em nenhum manual de comunicação, foi o momento de olhar para dentro e refazer as estratégias.
“Do dia pra noite, a comunicação interna virou a menina dos olhos. Era fundamental para manter todos os colaboradores de maneira saudável e informados no home office. Lembrando que não é um home office igual, é com a família presente”, aponta Carolina Prado, head de Comunicação para Intel Brasil e Canadá, no painel “O protagonismo da comunicação interna”, durante o Fórum Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores.
Promovido pela Melhor RH em parceira com a plataforma Negócios da Comunicação, o painel contou também com a participação de Sheila Ceglio, diretora de Recursos Humanos da Pfizer, e Guilherme Almeida, Gerente de Comunicação Corporativa da Edenred.
Com muita informação circulando, fake news e uma crise que não estava em nenhum manual de comunicação, foi o momento de olhar para dentro, refazer a comunicação e as estratégias. Relembra Carolina: “A gente já tinha esse lugar na mesa com a liderança, mas foi aí que se consolidou a tríade: Comunicação, RH e alta liderança”. Carolina Prado (Intel), Sheila Ceglio (Pfizer) e Guilherme Almeira (Edenred) participaram do Fórum Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores.
Comunicação interna no RH
Sheila aponta que um dos fatores que para a Pfizer chamou a atenção foi o impacto na mudança organizacional: a linha de report mudou para Recursos Humanos. “O mais importante é mantermos a relevância da área e todas conectadas, com o propósito e a estratégia da corporação”, reforça.
Para ela, é importante trabalhar o diálogo interno e, em seguida, fortalecer a manutenção da prática. “Temos uma forma diferente de trabalhar, que vai evoluir e que tem a expectativa de voltar o mais próximo do que a gente tinha antes, mas que não vai ser igual”, aposta. Os diferentes canais disponíveis para os colaboradores da empresa serão atualizados conforme a necessidade. Almeida, da Edenred, reforça o movimento: “A comunicação interna está migrando para o RH. Se ela está fora do RH e está distante é prejudicial, assim como se ela for distante do negócio”, explica.
Ferramentas
Para Almeida, um dos pontos avaliados é a necessidade de agilidade muito maior. “É preciso se preocupar mais com o timing do que a estética da mensagem”, diz. Ele acredita que ainda há trabalho a ser feito para que a estratégia da empresa seja internalizada, principalmente com a equipe em home office.
Ele conta que na Edenred havia um pull de canais e alguns ficaram inoperantes, como a TV corporativa. Portanto, a missão era focar no que pudesse captar a atenção do colaborador, não apenas apostar no que já havia disponível. “Então lançamos um perfil fechado no Instagram. Nossos colaboradores que escolhem nos seguir, como se fossemos um influenciador digital e já atingimos 50% da nossa base nos seguindo”, conta.
O desafio também foi encarado pela Pfizer, que almejou fazer comunicação comunicativa para engajar em canais diferentes. “Até agora estamos 100% de home office e perdemos um pouco aquela comunicação face to face. E a rede social interna tem feito uma diferença nisso”, explica Sheila. O foco agora é manter esse bom fluxo, mesmo porque será outra realidade na retomada.
Na Intel, foi feita uma reestruturação dos canais, como a intranet. “Passamos a adotar o teams – é uma ferramenta oficial da Intel. Criamos um canal interno, tentamos unificar todas as ferramentas de comunicação, não apenas o repositório das informações, mas também um lugar de troca. Para ficar interessante e útil”, conta Carolina Prado.
Aumento da demanda
E quem pensa que o distanciamento diminuiu o trabalho, se engana. Com os colaboradores remotos, novas demandas foram surgindo. Questões trabalhistas, problemas de equipe, tudo teve que ser lidado com agilidade pelos canais desenvolvidos. “Muitas vezes a gente abdicou de uma estética para ser extremamente transparente. Também tomamos o cuidado de não descontinuar programas, comemorações e sim acrescentar. Para não ter o choque para o colaborador”, explica Almeida da Edenred.
O executivo reforça que Comunicação, RH e Marketing devem seguir alinhados. “Já existia a impressão da Comunicação interna estar atrasada e isso era crucial nesse momento. Dosar o nosso tom, o que a gente está falando no mercado é o que a gente está praticando na empresa”.
Sheila, da Pfizer, comenta que ao deixar Comunicação e RH paralelos, é preciso fazer adaptações, mostrando para o cliente quais as melhores soluções para o que eles precisam. E nem sempre é a ferramente mais desejada que vai entregar o que é necessário. “Eu não estou aqui apenas para escrever um texto, estou para ser um elo, um facilitador, o que eu posso oferecer com o meu conhecimento técnico. O que me parece é que as vezes surge uma ferramenta nova que todo mundo quer usar, e aquilo se torna tão repetitivo, que cansa e para de engajar”.
“Apenas migrar o que era feito no presencial para o virtual não funciona, então precisamos modificar a parte estratégica. Dividimos em três pilares: colaboração, celebração e bem-estar. Fizemos uma pesquisa interna e aumentamos o nosso engajamento de um ano para o outro, mesmo com a pandemia”, relata Carolina, sobre a situação da Intel. “Não temos previsão de voltar ao escritório”, reforça, destacando a importância de deixar todos os processos bastante afinados para o fluxo da comunicação.
Fonte: Melhor gestão de pessoas.