Fala-se muito em ser empático. Então, te convido, logo no início deste texto, a se colocar no lugar de seus liderados. Imagine o que eles diriam a você se tivessem um canal aberto de diálogo. Pediriam aumento salarial? Gostariam de saber sobre perspectivas de carreira?
Em meio à pressa e à pressão do dia a dia, achamos que sim, mas não, não estamos nos comunicando. Julgamos ser empáticos ao ouvir o outro, ao querer que as pessoas tragam suas ideias, que sejam protagonistas, mas, na verdade, só esperamos que elas concordem, façam, aceitem e resolvam.
Ao menor sinal de discordância e de problema, nossa disposição em ser empático cai por terra e frases como “ele não está comprometido”, “falta engajamento”, “sempre sobra para mim”, “essa ideia não funciona” povoam nossa cabeça e nossas mensagens, faladas ou escritas.
Essa reflexão sobre empatia e mudança de atitude em relação aos liderados é o principal alerta para líderes aprimorarem sua comunicação. Abaixo, listo outros cinco alertas, totalmente relacionados a esse, e que fazem com que os líderes cometam erros de comunicação.
1. Passar informação não é comunicar: é comum ouvir relatos de líderes que reclamam por ter passado as informações em e-mail ou reunião, mas percebem que não houve efetividade. Isso ocorre porque ainda se tem uma concepção de que comunicar é transmitir um conteúdo, mas essa é uma das inúmeras funções das interações. Comunicar é se relacionar, se envolver, estar atento às reações verbais e não verbais, é interagir com quem está com você na reunião, no e-mail, na conversa.
2. Não estar ciente de que tudo comunica: o “bom dia” que você dá (ou não) ao falar com alguém, a demora para responder uma mensagem, o tempo dedicado a uma conversa com uma pessoa do time e a falta de tempo para uma outra pessoa. Pois é, somos colocados à prova diariamente e quanto mais clareza, confiança e senso de comunidade, melhor para todos.
3. Esquecer de adaptar o discurso e ficar reclamando: como afirmam Dawna Markova e Angie McArthur, autores do livro Collaborative Intelligence, reclamamos e nos diminuímos uns aos outros porque não fomos ensinados a perceber o efeito de uns nos outros ou adaptar a comunicação. Essa prática não tira sua autenticidade, mas revela habilidade de adaptação, visão estratégica da comunicação, atenção ao outro e ao contexto, foco no que importa na interação. Então, antes de sair disparando julgamentos e críticas, avalie o contexto atentamente para adequar sua linguagem.
4. Não entender que o diálogo se nutre do conflito: ainda se associa diálogo a conversa harmônica e ao fim das divergências. Mas o diálogo se nutre dos conflitos, porque ele é o espaço efetivo de trocas, de tratamento de problemas coletivos, de surgimento de novas ideias diante de uma pretensa igualdade entre os interlocutores. Sem diálogo, 80% dos projetos que dependem de cooperação entre áreas custam mais do que o esperado, segundo o livro Crucial Conversations.
5. Falar muito, perguntar pouco e não ouvir: a figura representativa do comunicador tende a ser uma pessoa extrovertida, falante ou que está em pé, com microfone na mão. Mas um bom comunicador não entra nessa “egotrip” de ser o centro da atenção e ocupar todos os espaços com sua própria voz. Um bom comunicador fala com as pessoas, não só para. Por isso, praticar a habilidade de ouvir, um ato de experimentação e generosidade, e a habilidade de perguntar, de modo a movimentar o diálogo, e não apenas checar compreensão e validar instruções são cruciais.
Fonte: Você RH.