Então, sorria mais, fale dos problemas de cabeça erguida, respire...
Frente a uma situação difícil, o que você faz: grita; chora; foge; lamenta; culpa os outros; desanima ou os enfrenta? Para Érika Stancolovich, CEO do Instituto Stancolovich, doutora em psicanálise e mestre em educação e psicanálise, as reações e respostas a essas questões são diversas. Mas ela prefere focar as pessoas que adotam uma postura, diante de tais situações, que enfrentam os problemas, superam os obstáculos, vencem as adversidades da vida e, ainda, se beneficiam com esses desafios, aprendendo e crescendo emocionalmente. “Essas são as pessoas resilientes”, diz, lembrando que resiliência é um termo originalmente vindo da física, que significa a capacidade de um material em voltar ao seu estado normal depois de ter sofrido uma pressão.
Érika explica que as ciências humanas aplicam esse termo para interpretar a capacidade de um indivíduo em manter uma conduta sã em um ambiente insano, ou seja, a capacidade do indivíduo de se sobrepor e de se construir positivamente frente às adversidades. “Essa qualidade, que faz de nós pessoas muito especiais, pode ser desenvolvida. A palavra tem sonoridade estranha e significado pouco conhecido, mas pode fazer a diferença na sua vida”, diz a especialista.
O resiliente não se abate tão facilmente, não culpa os outros pelos seus fracassos e tem um humor surpreendente. Para completar, afirma Érika, ele age com ética e dispõe de uma energia espantosa para trabalhar e lutar pelos seus objetivos. “Até os anos 1990, os estudiosos defendiam que a habilidade para administrar conflitos era inata, como um dom. A partir daí, comprovaram que o homem pode, sim, desenvolver a capacidade de se recuperar e de crescer em meio a sucessivos problemas”, acrescenta.
Ela garante que essa capacidade pode ser aprendida em qualquer fase da vida. “Resiliência não é uma característica que você possui ou não: você a desenvolve em maior ou menor grau; cada indivíduo tem o seu próprio meio de lidar com o estresse. E para combater o estresse, é importante diminuir as pressões externas, encontrando alternativas para que o trabalho, por exemplo, possa ser realizado de forma mais tranquila”, observa. “Também é indicado encontrar o equilíbrio emocional, administrando melhor o tempo entre trabalho, família e dedicação pessoal. E é por meio da resiliência que você poderá vencer o estresse”, diz.
E por falar nele, você anda muito estressado? A seguir, Érika dá algumas dicas sobre como, como aliviar o incômodo causado por ele. “Simples correções na postura podem ajudar o seu corpo e a sua a mente a lidar com os problemas”, diz. Confira:
1. Mantenha o corpo ereto
“Além de ser o ideal para a coluna e evitar dores nas costas, manter o corpo ereto melhora a sua concentração e qualidade de vida. A posição libera o pulmão para a entrada de ar, ajudando no processo da respiração e no funcionamento do órgão”, conta a especialista. “A postura também influencia diretamente na autoestima e no modo de encarar os problemas. Ao manter a coluna com a posição correta, o cérebro reage de maneira mais sábia diante das adversidades.”
2. Inspire pelo nariz e expire pela boca
Essa é, segundo Érika, uma dica clássica de como respirar corretamente, que é uma forte aliada para manter a calma e controlar a ansiedade em momentos conturbados. “Com a respiração correta, há controle dos batimentos cardíacos, oxigenação do cérebro e controle dos impulsos, impedindo de tomar decisões precipitadas.”
3. Sorria
“Sorrir libera serotonina e endorfina, substâncias responsáveis pelas sensações de prazer e felicidade, controlando o humor e trazendo bem-estar. São mais de 15 músculos acionados quando sorrimos. O cérebro emite uma mensagem positiva ao organismo, conseguindo combater o estresse diário e, até mesmo, a depressão”, diz.
4. Olhe nos olhos ao conversar
Conversar olhando diretamente nos olhos aumenta a conexão entre os interlocutores, por ser uma forma de sentir a energia cerebral da outra pessoa, garante Érika. E é uma excelente forma de transmitir confiança e segurança sobre o assunto a ser tratado. “É um passo essencial para ser utilizado em reuniões importantes.”
5. Fale dos problemas com a cabeça erguida
“Ao falar do problema de cabeça erguida, repetidas vezes e em voz alta, você consegue refletir sobre eles. Repita esse passo até que você perceba que o problema não é tão grande quanto imagina”, diz. Assim, eleve o queixo e direcione os olhos ao céu, repita seu problema em frases curtas. “Falar com a cabeça erguida emite uma mensagem ao cérebro de confiança para encarar e ultrapassar os obstáculos com mais foco.”
Resiliência não é uma característica que você possui ou não: você a desenvolve em maior ou menor grau; cada indivíduo tem o seu próprio meio de lidar com o estresse.
E como anda a sua resiliência?
Para responder a essa questão, que tal fazer o teste criado por Érika e que está mais abaixo? Para cada pergunta, escolha apenas uma resposta. Ao final, confira os pontos atribuídos para cada escolha. Some os pontos e confira de acordo com sua pontuação o seu nível de resiliência.
“Se a sua habilidade de resiliência ainda não está 100% desenvolvida, não se preocupe: sempre é tempo de estudar e aprimorar. Uma postura resiliente enxerga as situações com mais clareza e tem discernimento para classificá-las, separando problemas de questões triviais, que apenas dependem de uma decisão ‘comum’. Tudo é questão de escolha, e todos temos direito de fazer nossas próprias escolhas”, diz Érika. “Nem sempre acertamos, mas isso não significa que erramos ou que devemos colocar em dúvida nossa capacidade. As dúvidas, a hesitação e o frio na barriga fazem parte da tomada de decisão e que, somados à resiliência que carregamos, nos torna fortes e assertivos. E com isso, vencemos o estresse”, finaliza.
TESTE
Até onde vai a força
Avalie seu nível de resiliência
1. Preocupo-me em excesso com temas que nada acrescentam a minha vida, como coisas fúteis, banais e pequenas?
( ) Raramente ou nunca
( ) Ocasionalmente
( ) Muitas vezes
( ) Sempre
2. Sou muito exigente comigo mesmo e com que está em volta de mim?
( ) Raramente ou Nunca
( ) Ocasionalmente
( ) Muitas vezes
( ) Sempre
3. Sou muito perfeccionista, sem tolerância a erros?
( ) Raramente ou Nunca
( ) Ocasionalmente
( ) Muitas vezes
( ) Sempre
4. Tenho pressa em tudo o que faço?
( ) Raramente ou Nunca
( ) Ocasionalmente
( ) Muitas vezes
( ) Sempre
5. Irrito-me facilmente no trânsito?
( ) Raramente ou Nunca
( ) Ocasionalmente
( ) Muitas vezes
( ) Sempre
4. Tenho dificuldades para expressar as coisas de que eu não gosto?
( ) Raramente ou Nunca
( ) Ocasionalmente
( ) Muitas vezes
( ) Sempre
5. Organizo-me para tirar férias e curtir as horas de lazer com a família?
( ) Raramente ou Nunca
( ) Ocasionalmente
( ) Muitas vezes
( ) Sempre
6. Temo pela segurança dos meus familiares e amigos?
( ) Raramente ou Nunca
( ) Ocasionalmente
( ) Muitas vezes
( ) Sempre
7. Tenho medo de ser assaltado ou sequestrado?
( ) Raramente ou Nunca
( ) Ocasionalmente
( ) Muitas vezes
( ) Sempre
8. Tenho dificuldade para lidar com mudanças repentinas?
( ) Raramente ou Nunca
( ) Ocasionalmente
( ) Muitas vezes
( ) Sempre
Estabeleça para cada uma das questões os seguintes pontos:
Raramente ou nunca: 1 ponto
Ocasionalmente: 2 pontos
Muitas vezes: 3 pontos
Sempre: 4 pontos
Resultado:
Total de pontos:
De 31 a 40 pontos
Nível de resiliência: muito baixo
Atenção e respeito a seus limites.
Repense suas atitudes e comportamentos.
Converse mais com as pessoas sobre seus sentimentos e expectativas.
Procure ajuda profissional.
De 21 a 30 pontos
Nível de resiliência: baixo
Atente-se a sua qualidade de vida.
Busque atividades de lazer.
Procure colocar para o outro as coisas que o aborrecem.
Procure ajuda especializada.
De 11 a 20 pontos
Nível de resiliência: médio
Fique atento às situações nas quais você não respeita seu espaço e emoções.
Organize suas atividades.
Delegue tarefas para não se sobrecarregar.
De 0 a dez pontos
Nível de resiliência: bom
Continue assim, parabéns!
Fonte: Melhor Gestão de Pessoas, texto adaptado do artigo publicado na edição 360 da revista MELHOR