A Geração Z, composta por jovens nascidos entre 1995 e 2010, está trazendo novas perspectivas para o ambiente corporativo. Este grupo, que se caracteriza por seu dinamismo e uma relação única com as tecnologias e o mundo digital, já está impactando as dinâmicas organizacionais de maneira significativa. Para entender melhor suas preferências no mercado de trabalho e em relação aos benefícios corporativos, a Caju, em parceria com a Consumoteca, consultoria de estudos sobre comportamento e cultura na América Latina, conduziu uma pesquisa exclusiva com jovens profissionais dessa geração.
As Contradições da Geração Z e a Realidade do Trabalho
A pesquisa revela que os jovens da Geração Z vivem em um estado constante de “permacrise”, termo que descreve a preocupação contínua com crises econômicas, políticas e ambientais. Este cenário de incertezas reflete diretamente nas prioridades dessa geração. Cerca de 84% dos entrevistados destacaram a estabilidade financeira como sua maior preocupação, mas, ao contrário de gerações anteriores, eles não estão dispostos a sacrificar a saúde mental ou o bem-estar para alcançar essa segurança.
Um dado relevante é que 56% dos jovens da Geração Z afirmam que preferem deixar o emprego caso o trabalho interfira em sua vida pessoal. Isso evidencia a importância de manter uma separação clara entre o ambiente profissional e o pessoal, um valor fundamental para essa geração. De fato, 70% dos jovens acreditam que todas as pessoas deveriam fazer terapia, se possível, o que reforça a prioridade dada ao equilíbrio emocional.
Além disso, embora 41% dos jovens saibam qual carreira querem seguir, 28% ainda estão indecisos, o que demonstra a incerteza em relação ao futuro profissional. Este dado é especialmente relevante para empresas que buscam atrair e reter talentos da Geração Z, pois evidencia a necessidade de programas de desenvolvimento de carreira que ofereçam flexibilidade e possibilidades de experimentação.
Expectativas X Realidade no Ambiente de Trabalho
A pesquisa também destacou a tensão existente entre as expectativas da Geração Z e as realidades do ambiente corporativo. Essa geração valoriza profundamente o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, preferindo empregos que ofereçam flexibilidade de horários e locais de trabalho. Entretanto, a realidade em muitas empresas tradicionais não corresponde a essas expectativas, o que gera frustração e pode resultar em alta rotatividade de funcionários.
Outro ponto importante é o propósito no trabalho. Os jovens da Geração Z buscam um significado maior em suas atividades profissionais, desejando que seu trabalho tenha um impacto positivo no mundo. No entanto, apenas 29% dos entrevistados acreditam que o trabalho ajuda a construir sua identidade, o que aponta para um desalinhamento entre as ambições pessoais e as oportunidades encontradas no mercado de trabalho.
Essa insatisfação é intensificada pela percepção de que o trabalho é uma fonte de estresse e ansiedade. O levantamento aponta que o trabalho é a segunda maior causa de ansiedade para essa geração. Em resposta a essa pressão, muitos jovens estão buscando o chamado “lazy job”, um emprego que permita uma vida mais equilibrada, com acordos claros e mais tempo para atividades pessoais.
Os Benefícios Corporativos Preferidos pela Geração Z
Além de suas expectativas em relação ao trabalho, a Geração Z também possui uma abordagem própria em relação ao uso de benefícios corporativos. A análise revela que os jovens valorizam enormemente os benefícios relacionados à alimentação e mobilidade, com o Auxílio-Alimentação e o Vale-Transporte representando mais de 80% dos gastos dessa faixa etária.
Os dados mostram que o ticket médio para alimentação é de R$38,30, enquanto para transporte é de R$31,09. Esse padrão reflete a busca por praticidade e a otimização de recursos no cotidiano. O uso crescente de aplicativos de delivery e transporte reforça a preferência dessa geração por soluções convenientes e eficientes.
No entanto, há uma crescente demanda por benefícios voltados ao desenvolvimento pessoal e saúde. Embora ainda não representem a maior parte dos gastos, categorias como Educação e Saúde estão ganhando importância entre os jovens da Geração Z, incluindo cursos de idiomas, desenvolvimento de habilidades profissionais, psicoterapia e atividades físicas.
Como o Mercado Pode Adaptar-se às Necessidades da Geração Z?
Para atrair e reter os talentos da Geração Z, as empresas precisam estar preparadas para adaptar suas práticas e políticas. A pesquisa destaca a importância de oferecer um pacote de benefícios robusto, alinhado com as expectativas dessa geração, mas também proporcionar um ambiente de trabalho flexível, que valorize o bem-estar e a personalização do ciclo de vida dos colaboradores.
Empresas que desejam se conectar verdadeiramente com a Geração Z precisam adotar uma abordagem que reconheça suas particularidades, desde a preocupação com a saúde mental até a busca por um trabalho com propósito. Programas de desenvolvimento de carreira que permitam o desenvolvimento de diferentes habilidades e caminhos flexíveis são essenciais.
Assim, as organizações que conseguirem se adaptar a essas novas demandas terão uma vantagem competitiva no cenário atual, sendo capazes de atrair, desenvolver e reter os talentos da Geração Z, contribuindo para um ambiente corporativo mais saudável e produtivo.
Fonte: Blog Caju, por Eduarda Ferreira