Postado em 18 de Janeiro às 18h34

Janeiro Branco: saiba o que é e como cuidar da saúde mental

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P&P Consultoria - Desenvolvimento Humano e Organizacional Neste conteúdo, convidamos a refletirmos sobre a importância da saúde mental, inspirando ações que promovam bem-estar emocional e um ambiente de trabalho...

Neste conteúdo, convidamos a refletirmos sobre a importância da saúde mental, inspirando ações que promovam bem-estar emocional e um ambiente de trabalho mais saudável para todos. O tema é de extrema importância em um país onde a Síndrome de Burnout passou a ser doença ocupacional.

O que é o Janeiro Branco?

Trata-se de uma campanha nacional e sem fins lucrativos, para conscientizar a população sobre saúde mental e emocional. O Janeiro Branco foi idealizado em 2013, pelo psicólogo mineiro Leonardo Abrahão, com objetivo de incentivar a sociedade a adotar hábitos de autocuidado e autoconhecimento.

Além disso, o primeiro mês do ano não foi uma escolha aleatória para a campanha. Tradicionalmente, janeiro representa um marco temporal e estratégico para as pessoas. O período traz reflexão sobre o que queremos e pretendemos realizar nos próximos 365 dias. Portanto, nada melhor do que colocar a saúde e o bem-estar na pauta.

Nesse sentido, o Janeiro Branco é uma campanha de extrema importância, semelhante a outras iniciativas, como o Outubro Rosa e o Novembro Azul. Uma vez que discutem assuntos relevantes que nem sempre recebem a devida atenção.

Por que é importante promover o Janeiro Branco?

O mês de janeiro é dedicado aos cuidados com a saúde mental e para justificar a necessidade de uma campanha, nada melhor do que apresentar estatísticas. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), os transtornos depressivos atingem quase 12 milhões de brasileiros (5,8% da população). No número total de casos, o Brasil perde apenas para os Estados Unidos.

O mesmo relatório da OMS, publicado em 2017, aponta que o Brasil é líder em transtornos de ansiedade generalizada. O país tem a maior taxa de ansiosos no mundo, totalizando 9,3% dos brasileiros. Pesquisas mais recentes de 2021, mostram que quase 70% das pessoas acreditam que ansiedade pelo novo ambiente de trabalho e excesso de informações são as duas principais dores de novos(as) colaboradores nos primeiros meses de empresa.

Mas o suicídio, outro problema de saúde pública ligado à saúde mental, também tem dados alarmantes. Segundo o Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil (2017), o autoextermínio é a quarta maior causa de mortes entre os jovens brasileiros. Entre 2011 e 2016 foram 62.804 ocorrências.

Portanto, as estatísticas são a principal razão para campanhas como o Janeiro Branco, porém não é a única. Mas pessoas que sofrem com transtornos mentais e psicológicos são estigmatizadas, pois, infelizmente, falar sobre saúde mental ainda é um tabu.

Diante do preconceito e da desinformação, campanhas como o Janeiro Branco servem de alerta para o tema. Falar sobre o assunto ajuda a construir políticas públicas para prevenir, tratar e combater o adoecimento mental e psicológico.

Em resumo, promover o Janeiro Branco estimula as pessoas ao cuidado com a mente, da mesma forma que cuidamos do corpo.

Qual a importância no contexto organizacional e por que se atentar aos cuidados com a saúde mental?

A campanha Janeiro Branco propõe chamar atenção para a saúde integral do indivíduo, principalmente em seus aspectos mentais e emocionais. Nas empresas, o tema ganha espaço, pois a exaustão mental afeta a produtividade no trabalho.

No contexto organizacional, problemas como ansiedade, depressão, isolamento social, Síndrome de Burnout e falta de motivação são sintomas frequentes. As causas são muitas: prazos apertados, metas inatingíveis, competitividade, ambiente tóxico, falta de diálogo e pouca empatia afetam a saúde mental do trabalhador.

Mas a baixa produtividade não é a única consequência do adoecimento psicológico. Aumento nos índices de absenteísmo, dificuldade de relacionamento e turnover também marcam presença.

Nesse sentido, cuidar da saúde e do bem-estar dos colaboradores é um dever da Gestão de Pessoas. Tanto para alcançar os resultados esperados quanto para preservar o clima organizacional.

Assim, o setor é responsável por conscientizar todo o quadro, independente da hierarquia. Gestores, colaboradores, lideranças e parceiros, público interno e externo, todos devem estar engajados.

Além disso, o RH deve considerar que as estratégias em prol da saúde mental não estão restritas ao mês de janeiro, elas podem ocorrer durante o ano todo, valorizando as pessoas. Trata-se dos recursos mais importantes em uma empresa.

Como cuidar da saúde mental dos colaboradores?

A depressão e os transtornos mentais são as principais causas de incapacidade profissional no mundo corporativo. Nesse contexto, mais de 260 milhões de trabalhadores convivem com transtornos de ansiedade. Existem dados que reforçam a importância da saúde mental no trabalho. Trata-se de um fator com reflexo no desempenho, na motivação e na produtividade dos colaboradores.

Um estudo do International Stress Management Association (ISMA) indicou que nove em cada dez profissionais sofrem de ansiedade, desde graus mais leves até os mais severos e incapacitantes. Nesse sentido, quando um profissional está adoecido mentalmente, ocorre queda significativa nos resultados, gerando impacto no time inteiro.

Nesse contexto e para evitar problemas como absenteísmo, presenteísmo, afastamentos e aposentadoria precoce, é fundamental proteger a saúde mental dos colaboradores, inclusive e, principalmente, durante a pandemia.

No encontro de soluções para lidar com o assunto, o RH Humanizado propõe considerar cada profissional como indivíduo único. E a gestão de pessoas deve entendê-lo a partir de suas necessidades físicas e emocionais. Além disso, buscar o equilíbrio entre esses dois fatores é o papel da empresa.

No mesmo sentido, a gestão humanizada busca consolidar ações efetivas, não somente durante o Janeiro Branco, mas em todos os momentos. Desse modo, a conscientização deve ser contínua. Sendo assim, cria-se condições para perceber com facilidade situações de desequilíbrio emocional com origem no ambiente de trabalho.

Por fim, vale destacar que empresas que não se preocupam com a saúde mental de seus colaboradores têm índices altos de turnover e/ou afastam novos talentos em busca de oportunidades. Uma organização desatenta no cuidado com seus recursos humanos prejudica seu employer branding.

Dicas para preservar a saúde mental no trabalho:

Diferentemente das doenças físicas que podem ser diagnosticadas com mais facilidade, a maioria das enfermidades psicológicas é imperceptível ou difícil de identificar.

Nesse contexto, estresse, depressão e ansiedade podem ficar escondidos durante meses ou até mesmo anos. Por isso, as organizações devem buscar maneiras de prevenir esses problemas para garantir a qualidade de vida dos seus colaboradores.

A seguir, confira algumas medidas que podem ser implementadas pela Gestão de Recursos Humanos para prevenir ou minimizar os impactos das doenças mentais.

1. Treine os gestores:

As lideranças devem compreender que a saúde mental precisa ser tratada como prioridade nas empresas. Esse é o primeiro passo para manter o clima organizacional em alta e, assim, contar com colaboradores engajados e produtivos.

Por isso, os gestores precisam ser treinados para lidar com as questões de saúde mental que surgem no cotidiano da empresa. No entanto, devem considerar que males como depressão e ansiedade não podem ser tratados de forma coletiva.

Ao contrário, cada pessoa pensa, age e sente de maneira distinta. Ainda, cada profissional é um indivíduo único e deve ser tratado de modo particular. Então, treine os gestores para observar caso a caso e conduza a saúde mental do colaborador de forma personalizada.

2. Monitore o engajamento:

Em qualquer circunstância da vida, pessoas engajadas demonstram entusiasmo, são mais positivas e sentem orgulho em fazer parte de algo ou de um time. Por outro lado, quando não estão envolvidos, os indivíduos se estressam com facilidade e desenvolvem enfermidades, como Síndrome de Burnout, depressão, isolamento e ansiedade.

Assim, para monitorar o comprometimento das equipes, invista em pesquisas de satisfação com os funcionários, aplique questionários de engajamento e colete feedbacks constantes.

3. Conscientize os colaboradores:

Assim como os gestores, os colaboradores também precisam ter consciência sobre a importância da saúde mental no trabalho. Para ajudá-los, promova campanhas a respeito do tema, organize palestras com especialistas da área, desenvolva workshops e compartilhe conteúdos relevantes.
Além disso, é válido abrir espaço para que os colaboradores possam expor seus conflitos internos. Ainda, é importante que a organização forme uma rede de apoio para orientar, informar e acolher os profissionais para que eles possam enfrentar o adoecimento psicológico.

Por fim, a empresa deve tratar os problemas com naturalidade e sem julgamentos, evitando estigmatizar ainda mais as doenças mentais.

4. Promova o equilíbrio entre vida pessoal e profissional:

Um ambiente de trabalho saudável precisa de equilíbrio entre a vida profissional e pessoal do colaborador. Por isso, para evitar o esgotamento mental causado pelo excesso de trabalho, as empresas apostam em políticas menos rígidas.

5. Desenvolva políticas de saúde mental na empresa:

É importante estabelecer regras claras para combater assédio e bullying, atitudes que causam problemas psicológicos graves. Por isso, ao identificar que algo não vai bem com algum colaborador, conceda uma licença médica, por exemplo.

Por fim, se a empresa já tem políticas de saúde mental bem definidas, revise-as com frequência, atualize as boas práticas e desenvolva novas ações que possam se adequar às necessidades das equipes.

Desmitificando tabus nos RHs em relação à saúde mental:

A gestão de Recursos Humanos enfrenta diversos tabus relacionados à saúde mental, muitas vezes impedindo uma abordagem proativa e eficaz. Aqui vão alguns desses tabus!

1. Estigma associado ao pedir ajuda profissional:

Desmistificar a ideia de que buscar ajuda é sinal de fraqueza, promovendo um ambiente onde os colaboradores sintam-se à vontade para compartilhar suas dificuldades sem receios de julgamento.

2. Falta e compreensão sobre doenças mentais:

Superar a falta de conhecimento e compreensão sobre doenças mentais, promovendo programas educativos para capacitar os RHs a identificar sinais precoces e oferecer suporte adequado.

É importante reforçar a confidencialidade e a privacidade em torno de questões de saúde mental, garantindo que os colaboradores se sintam seguros ao compartilhar suas experiências com líderes e colegas.

3. Preconceitos na promoção e avaliação de desempenho:

Combater preconceitos que podem influenciar promoções e avaliações de desempenho, assegurando que a saúde mental não seja um critério injusto para o avanço profissional.

4. Percepção de fraqueza em programa de bem-estar:

Desassociar a participação em programas de bem-estar mental da percepção de fraqueza, enfatizando a importância do autocuidado como parte integrante do desenvolvimento profissional.

5. Medo de estigmatizar colaboradores com diagnósticos:

Abordar o medo de estigmatizar colaboradores que tenham recebido diagnósticos de saúde mental, criando um ambiente inclusivo e de apoio. Isso não apenas promove o bem-estar dos colaboradores, mas também contribui para um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.

6. Desconhecimento sobre recursos disponíveis:

Superar a falta de informação sobre recursos disponíveis para a saúde mental, garantindo que os RHs estejam plenamente cientes das opções de suporte e assistência.

7. Falta de políticas claras de saúde mental:

Estabelecer políticas de saúde mental claras e inclusivas, proporcionando diretrizes sobre licenças, flexibilidade no trabalho e apoio emocional.
Ao abordar esses tabus, os RHs podem desempenhar um papel fundamental na promoção de ambientes de trabalho saudáveis, onde a saúde mental é valorizada e tratada com a mesma importância que a saúde física.

Conclusão:

Ao escolher o primeiro mês do ano para a campanha, o Janeiro Branco tem um caráter de recomeço, pois coloca a qualidade de vida e bem-estar no planejamento para os próximos 365 dias.

Ainda, o cuidado com a saúde em seu sentido mais amplo traz consigo abordagens capazes de desenvolver uma cultura específica nas empresas. Tudo para promover o equilíbrio emocional e mental no ambiente de trabalho.

Em resumo, promover o Janeiro Branco além de estimular as pessoas ao cuidado com a mente, da mesma forma que cuidamos do corpo, proporciona mais conhecimento e provocações a mudanças.

 


Fonte: [RH PORTAL - Por: Juliana Dimário].

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